A microbiota intestinal desempenha um papel importante no desenvolvimento das alergias, como a asma, rinite alérgica, dermatite atópica e alergias alimentares.
Algumas evidências científicas sobre a relação entre microbiota e alergias, podemos listar:
1. A interferência da microbiota na regulação do sistema imune, tornando-o mais estável e menos agressivo contra elementos que deveriam ser considerados como normais.
2. A presença de alterações da diversidade dessa microbiota nos primeiros anos de vida está associada a maiores índices de alergias na vida adulta. A falta de exposição a microorganismos comuns, como bactérias do solo ou mesmo animais de estimação, pode aumentar o risco de alergias.
3. A microbiota intestinal interage constantemente com as células do sistema imunológico, regulando a resposta imunológica. Uma microbiota saudável pode promover a tolerância imunológica, enquanto uma microbiota desequilibrada pode levar a respostas alérgicas exacerbadas.
4. A mesma produz também uma variedade de metabólitos (substâncias) que podem regular a resposta imunológica, por exemplo, os ácidos graxos de cadeia curta produzidos pela microbiota têm sido associados à proteção contra alergias.
5. Transplante de microbiota fecal: Alguns estudos têm explorado o potencial do transplante de microbiota fecal como tratamento para alergias, especialmente desordens relacionadas ao intestino, como alergias alimentares e dermatite atópica. Quando pensamos no uso de probióticos como possível tratamento para alergias, temos este tópico como objeto de estudo e interesse crescentes.
Os probióticos são suplementos dietéticos contendo bactérias ou leveduras benéficas que podem ajudar a repor ou modificar a composição da microbiota intestinal. As bactérias probióticas podem exercer efeitos benéficos na regulação do sistema imunológico, influenciando a resposta alérgica. Acredita-se que eles ajudem a melhorar a integridade da barreira intestinal, reduzir a inflamação e modular as respostas imunológicas, o que pode contribuir para a prevenção e/ou melhoria de sintomas alérgicos.
As cepas de bactérias probióticas utilizadas, a dose, o momento e a duração do tratamento, bem como as características individuais do paciente, podem influenciar os resultados. É importante destacar que nem todos os probióticos são igualmente eficazes e que mais pesquisas são necessárias para identificar cepas específicas com benefícios consistentes para tratar alergias. Além disso, é preciso levar em consideração que as alergias são condições complexas e multifatoriais, e o tratamento ideal pode variar dependendo do tipo e gravidade da alergia.
Embora existam evidências importantes sobre a relação entre microbiota e alergias, é importante ressaltar que a pesquisa nessa área está em constante evolução e há ainda muito a ser compreendido e que o uso de probióticos como terapia adjuvante pode ser considerado, mas deve ser discutido e supervisionado por um profissional de saúde. É sempre recomendado consultar um profissional de saúde especializado para um diagnóstico e tratamento adequados de alergias e desordens relacionadas a microbiota intestinal.